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Mais oportunidades em tecnologia para profissionais de seguros

A digitalização e o avanço das insurtechs abrem espaço para especialistas, mas faltam talentos com conhecimento integral da área de seguros

Valor Econômico - Por Rita Cirne

30/05/2023

As mudanças ocorridas no mercado de seguros nos últimos anos são vistas por muitos como um tsunami regulatório, tecnológico e comportamental. As relações ficaram, em geral, menos burocráticas e mais profissionais, como afirma Ronny Martins, gerente de estratégia, inteligência comercial e processos da Escola de Negócios e Seguros (ENS). Todo esse processo, segundo ele, provoca um impacto direto nas contratações e está criando mais oportunidades para posições nas áreas de tecnologia.

Assim, profissionais como cientistas de dados, desenvolvedores front-end e back-end, especialistas em machine-learning, segurança da informação etc. estão em alta por conta do surgimento das insurtechs e da digitalização das seguradoras tradicionais. “Trata-se um cenário em curso e fica difícil prever algum tipo de consolidação de tendência neste momento de tanta transformação”, diz.

Martins destaca que os pilares ESG têm exigido lideranças cada vez mais comprometidas com a ética. Além disso, os relatórios estão mais complexos diante da Circular Susep 666, do ano passado, que dispõe sobre requisitos de sustentabilidade a serem observados pelas sociedades seguradoras e resseguradores locais.

O mercado de seguros, a seu ver, foi um dos setores que mais geraram novas posições de trabalho no início deste ano, fruto do reaquecimento do setor pós-pandemia. Na ENS, os cursos que têm registrado uma procura crescente são o de habilitação de corretores de seguros e as graduações. O número de corretores formados quase dobrou entre 2019 e 2021, passando de 3.602 para 6.984 e, em 2022, foram emitidos cerca de 6.000 certificados. Já as graduações da ENS apresentaram em 2022 um aumento de 58,5% no número de matrículas em comparação a 2021.

Em relação à movimentação do mercado, Fabiana Pita da Rocha, sócia-diretora da FESA Group, empresa de recrutamento de executivos, observa que o ano de 2023 começou mais cauteloso em novas contratações, e os processos em andamento tomaram mais tempo para a decisão final. “É possível que, a partir do segundo trimestre, o ritmo e a velocidade retornem ao de costume”, diz.

As contratações, segundo ela, servem mais à reposição ou substituições do que expansões e novas cadeiras. Há também uma demanda relevante em insurtechs, seguro de crédito, seguros corporativos/grandes riscos. “A necessidade maior é por profissionais com pensamento estratégico e inovador”, avalia.

A FESA é muito procurada quando as empresas precisam validar conhecimentos específicos da área de seguros como subscritores, atuários, área de riscos, ciência de dados, bem como profissionais de mercados alternativos que possam contribuir com seu conhecimento e experiência. Do ponto de vista tecnológico, a experiência e os conhecimentos são extremamente necessários, mas não se sobrepõem à solidez das questões técnicas. Para Fabiana, o conhecimento tecnológico acaba sendo um diferencial, mas não o fator decisório.

Na opinião de Ana Carla Guimarães, diretora de recrutamento executivo da Robert Half, as empresas do mercado de seguros estão hoje voltadas para encontrar novos produtos e serviços, num ambiente de transformação, com novas legislações e a necessidade do cliente de experimentar coisas novas.

Com isso, as seguradoras passam a se preocupar também em fazer com que o cliente tenha um retorno rápido e assertivo caso haja um sinistro. “O mercado se reinventa com produtos inovadores, saindo do lugar comum”, diz. Foi o que ocorreu, durante a pandemia, quando muitas pessoas compraram pets e sentiram a necessidade de ter seguro saúde para eles. “Isso exige que os profissionais de gerência e analistas sejam cada vez mais disruptivos, inovadores e menos clássicos”, afirma.

Além disso, com o fim da pandemia, aponta Ana Carla, a distribuição de produtos de seguro ficou mais rápida e pulverizada. “O seguro de proteção residencial, por exemplo, pode ser cobrado diretamente na conta de luz e consegue melhores resultados”, explica.

A Brasilcap, empresa que tem buscado profissionais atualizados em suas áreas de atuação, também investe fortemente em formação, a partir da efetivação de jovens aprendizes e estagiários, segundo informa Aline Moreira Vanderlei, gerente de capital humano da empresa.

O mercado, diz ela, exige conhecimentos mais específicos, como relatórios e extração e manipulação de banco de dados. Os mais difíceis são da área de desenvolvimento de sistemas. Por isso, a Brasilcap faz a constante qualificação de seus quadros. No ano passado, implementou três novos modelos de negócios digitais como parte do projeto Acelerar a Inovação, e isso exigiu mão de obra mais antenada ao mundo digital, onde a velocidade da informação influencia na condução e fechamento do negócio. “Temos profissionais qualificados para esses desafios em todas as faixas etárias e gêneros, que passaram por qualificação em temas que vão desde cultura da informação até metaverso e inteligência artificial”, afirma.

A Capemisa Seguradora também tem se preocupado com a formação de novos profissionais e, segundo Patrícia Pacheco, gerente de RH da empresa, tem sido possível atrair os mais jovens. “No pós-pandemia, muitas startups foram desativadas ou compradas por outros grupos. E os jovens buscam outras oportunidades. Eles são mais inovadores e mais versáteis. Nos preocupamos em formar esses jovens e temos também programas de formação de líderes, com um programa em parceria com a Fundação Dom Cabral”, destaca.

Segundo ela, a empresa oferece um piso salarial bem maior do que o fixado pelo mercado regulador, e os resultados obtidos são muito bons. A empresa vem crescendo e o lucro líquido do ano passado, de R$ 76 milhões, foi 30% acima do esperado.

Para Roberto Westenberg, professor convidado da Fundação Dom Cabral, que foi superintendente da Susep, há hoje uma preocupação muito grande com a formação tecnológica do profissional de seguros. Mas isso não basta. “Falta a esse profissional o conhecimento mais holístico, que busque um conhecimento integral dos serviços”, afirma. Isso engloba conhecimento de economia, direito, matemática, psicologia e engenharia.

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